20 de junho de 2011

Faz Escuro mas eu canto

Estava eu em um sebo, como gosto muito de estar, caçando coisas que nem sempre são óbvias. Fui para as poesias esperando encontrar a Adélia. Nada... Literatura? Saramago? Nada... Voltei à poesia e comecei a ver se havia algo prá eu sonhar...Abri um Thiago de Mello (prazer em conhecer!), "Faz Escuro Mas Eu Canto" de 1978 com poemas escritos no exílio, no Chile, nos duros anos da ditadura. Sabem como é quando a gente abre um livro aleatoriamente: às vezes, o que se lê faz um barulho dentro de nós. Foi o caso e por isso compartilho e dedico àqueles que tem seus filhos perto-longe, longe, muito longe, longe-perto.

Trecho de 39 anos de um cidadão brasileiro

"...Pois brasileiro casado,

e pai de dois filhos homens.

O menor ficou tão longe,

nem sabe o lugar que tem

no fundo azul do meu peito.

O outro vem vindo comigo:

é o bem maior de uma vida

que se acabou já faz tempo,

nem parece que passou.

com este menino conto,

todos podemos contar.

Seu perfil já vai no rumo,

vai ser brasa de mandar.

Dói não poder dar mais,

e amor que sobra dói,

mas é amor, nunca se estraga..."

(O negrito é meu e já explica minha escolha e minha necessidade)